Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
Elas representam uma mudança radical na forma das pessoas se tratarem: cuidar da saúde para evitar a doença. Práticas como o Lian Gong e outras, vem sendo oferecidas à população pela saúde pública.
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) é a designação que o Ministério da Saúde (MS/Brasil) deu ao que se tem chamado na literatura científica internacional de medicinas alternativas e Complementares (em inglês: complementary and alternative medicine). A PNPIC refere-se a um conjunto diversificado de práticas e saberes, agrupados pela característica comum de não pertencerem ao escopo dos saberes/práticas consagrados pela biomedicina.
O desenvolvimento das Práticas Integrativas e Complementares nos sistemas de saúde públicos e privados é incontestável nas últimas décadas. Desde a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Alma-Ata (ex-URSS), realizada em 1978, a OMS recomenda aos seus países membros a inclusão das PICS nos sistemas de saúde de todo o mundo.
PICS, um desafio na implantação
Quando a OMS recomendou a abertura de outras formas de cuidar da saúde, além da alopatia, fez um movimento moderno e complexo.
Moderno porque a sociedade reconhece e depende da medicina alopata, mas começa a entender a importância de hábitos que previnem e até mesmo curam os desequilíbrios. Se esse objetivo for atingido, as pessoas viverão mais e melhor.
Mas há um complexo contexto político e de gestão em jogo: a primeira questão é que as PICS reduzindo o consumo de remédios haveria impacto na indústria farmacêutica.
Trabalho desde 1975 com administração e não posso omitir que gestão é o grande desafio na implantação das PICS. Para atingir o merecido patamar na oferta de Pics a população, o setor da saude terá que vencer inúmeras dificuldades! A Via Cinco viveu profundamente essas questões.
Em 2016, a Via Cinco, empresa sem fins lucrativos, iniciou parceria com a Secretaria da Saúde do Município de SP, apoiando esta magnífica ideia. Em menos de 3 anos, formamos cerca de 300 instrutores de Lian Gong na Grande SP, em sua maior parte, para atuar nas unidades de saúde. Contratamos os melhores professores dessas Práticas Chinesas e oferecemos os Cursos graciosamente. Em 2019, com a Pandemia, encerramos nossa Parceria.
O saldo não foi animador, poucos daqueles 300 instrutores ainda estão atuando com as Práticas Chinesas e a integração entre PICS e médicos deixa muito a desejar.
Há inconstâncias de verbas para formar instrutores, de acordo com o interesse político no tema. Isso ocasiona quebra no processo de implantação das PICS. Destaco a quebra de reposição de instrutores, interrompendo terapias que estavam trazendo saúde a população.
Essa interrupção também ocorre porque os profissionais destinados às PICS são os mesmos destacados para atuar em frentes como Epidemias etc., novamente gerando descontinuidade.
Em São Paulo destinava-se aos Cursos, mão de obra oriundas das Organizações Sociais, que são pouco estáveis, sempre transferindo-se de região, novamente quebrando continuidade na prestação de serviço.
Muitos alunos não preenchiam os requisitos e/ou não estavam motivados. Alguns se apresentavam para a primeira aula, sem saber do que se tratava. A meta de formar centenas de instrutores era “alcançada” em detrimento da qualidade e continuidade.
A relação entre os envolvidos, como instrutores, médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, gestores da unidade, etc., não formam um processo integrado. Os resultados deveriam ser medidos e atribuídos entre aqueles que participaram no processo. Ex: Medir a redução de remédios, entre outras métricas.
O Ministério da Saúde adotou um número demasiadamente grande de Práticas, são dezenas de modalidades, dificultando que as pessoas envolvidas entendam, avaliem, supervisionem e meçam os resultados como medidas complementares a saúde.
As PICS praticadas em grupo são reconhecidamente mais eficientes para a saúde, pelo fator socialização, de forma que há mais esse desafio: encontrar espaço pra o grupo praticar.
A maioria dos aspectos acima, observados na nossa parceria em São Paulo é, ainda hoje, comum aos Municípios Brasileiros, mas não posso omitir o trabalho exemplar em PICS de Belo Horizonte! Há décadas se tem feito muito pela saúde via PICS! Caso tenham interesse, resumi abaixo os porquês:
- Inicialmente a Prefeitura adotou uma única PICS: o Lian Gong, quando as PICS foram criadas, havia poucas modalidades. Hoje há mais de 50, o que geram classes pequenas, processo ineficiente.
- Implantação bem-feita: A Maristela Botelho iniciou as aulas de Lian Gong numa grande Unidade de Saúde de Belo Horizonte, ficando ali por anos, o que atraiu interesse das demais unidades para fazer o mesmo.
- Uma médica integralmente voltada para a gestão da Prática
Desde o início, a Dra. Luzia Toyoko, médica do SUS, deixou de fazer atendimento para coordenar a implantação e gestão das Pics na Prefeitura de BH, trabalhando em regime integral no Projeto.
Seu trabalho envolve acompanhar todo o processo, antes, durante o Curso (faz a formação junto aos alunos) e depois.
Seu acompanhamento das aulas dadas nas UBS é através das listas de chamada, onde colhe os sinais vitais, por exemplo, se o número de pessoas cai procura identificar as causas.
O acompanhamento continua mesmo quando o funcionário se aposenta, mas continua a dar aula.
Dra. Luzia procura conscientizar o meio médico dos benefícios do Lian Gong.
Leiam a pesquisas feitas pela UFMG, sobre Lian Gong.
Tais alunos são funcionários públicos e não temporário como acontece nas Org Sociais.
Attilio Fontana Neto